quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A morte faz barulho

Eu acredito que a morte deva fazer barulho. Somente isso explicaria o fato de nós nos sentirmos tão bem no meio de uma agitação imensa. Gostamos de dizer que "estamos na correria", quando alguém nos pergunta sobre nossa vida. Outro dia ouvi um amigo dizer com satisfação implícita que estava viajando bastante e que a minha vida "sossegada" era a que ele queria. Na realidade, acho que quando estamos bastante ocupados sentimos que o mundo precisa de nós e nos sentimos importantes. A morte deve fazer barulho e quando estamos mergulhados em um monte de atividades encobrimos seu ruído. Por isso não gostamos de ficar em silêncio, porque assim conseguimos ouvi-la.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Record em Notícias


Na década de 70 e 80 tínhamos um Jornal que era exibido na Rede Record sob o nome de "Record em Notícias". Era um jornal de análise de conjuntura onde eram poucas as notícias veiculadas, mas que contava com uma banca de personalidades que analisavam e davam suas opiniões sobre o texto. Esse jornal foi apelidado pela Folha de São Paulo como "Jornal da Tosse" porque, segundo eles, era um formato "ultrapassado", que nada informava e os participantes tossiam durante a fala das pessoas.

Foi um colega que me alertou sobre esse fato e me mostrou a edição da Folha com a matéria. Desde dessa época nunca mais assisti o programa e caí na armadilha preparada para difamar o jornal.

Hoje, passados 20 anos, vejo como são sórdidas as armas que a esquerda usa contra seus oponentes. O Record em Notícias contava em seus quadros com jornalistas consagrados como Hélio Ansaldo, Murilo Antunes Alves, Aurélio Campos, Maurício Loureiro Gama e políticos como o Padre Godinho que foi da UDN, João Mellão Neto e o então José Serra que volta e meia fazia uma participação especial. Apenas por curiosidade, foi neste jornal que iniciou sua carreira o apresentador Cesar Filho.

Hoje entendo a forma como as esquerdas tratam seus adversários e os métodos usados. Eles não discutem o conteúdo do que está sendo tratado, mas atacam a forma apresentada e tentam desqualificar seus interlocutores através de detalhes que nada tem a ver com a questão em si. É como se o Faraó mencionado no Êxodo dissesse que Moisés não poderia ser o líder dos hebreus, pois ele não sabia nem quem era a mãe dele.

sábado, 25 de agosto de 2012

Economia de escala


É importante conhecermos o contexto do mercado onde estamos atuando, mas muitas vezes não sabemos a nascente desse contexto. Aqui vai uma contribuição pessoal depois de muitas leituras de autores conservadores, sobre como e porque  o mundo está mais profissionalizado atualmente.

Há muitos anos atrás, as pessoas podiam praticar atos de comércio ou serviço sem que os poderes tributários exigissem qualquer tipo de taxa ou obrigação por parte delas. As coisas eram mais amadorísticas e familiares, pois se desfrutava de mais liberdade fiscal.

Como sabemos, desde 1985, com o término do período conhecido no Brasil como “ditadura militar”, o Brasil passou por uma ruptura institucional, transitando da mentalidade de um regime pautado pelo poder que fluía de uma única fonte, para as instituições democráticas mais fortalecidas.

Aliás, muitas pessoas não sabem o real significado de democracia e confundem tal conceito com “vontade da maioria” e coisas tais. O ingrediente principal de democracia, é sim, a distribuição do poder. Para melhor entendimento do que estou falando, leia aqui.

Mas sigamos. Com uma mentalidade mais “esquerdista”, o relevo desse clima se fez sentir com a promulgação da Constituição de 1988, ou seja, direitos, direitos e mais direitos. Todo direito é, como é na contabilidade, uma dispositivo disparado em partida dobrada. Ou, em outras palavras, para todo direito temos uma obrigação correspondente. E quem proveria tais direitos? O contribuinte, claro, ou seja, NÓS MESMOS.

Acontece que o mundo da ilusão é doce e sedutor e a realidade, na nossa ótica, tarda a cair à nossa frente. Imbuído pelo clima de “queremos mais liberdade”, os fornecedores dessa liberdade logo se apresentaram para satisfazer esse anseio popular.

Voltando ao ponto, o controle governamental saiu dos militares e foi para os civis, mais precisamente para as esquerdas, e, como não poderia deixar de ser, começaram a concentrar no Estado, o controle da sociedade. Em nome do “deixa que eu te protejo”,  o Estado começou então seu trabalho de “tutela” do contribuinte. Só que, para ser protegido é preciso dinheiro. Como já dizia Napoleão Bonaparte, para se fazer uma guerra são necessárias três coisas fundamentais: dinheiro, dinheiro e dinheiro.

Assim começou a se formar uma teia de Leis, regulamentos, instruções normativas que, no intuito de proteger o contribuinte, sufocaram o pequeno empreendedor, citado no início desse texto. Leis protecionistas como anti-fumo, prazos de validades dos produtos, notas fiscais eletrônicas e os SPEDs da vida, fizeram com que as empresas hoje necessitem de um grande investimento para funcionarem.

Com isso abriu-se espaço para os grandes empreendedores, ou seja, a economia de escala. Esses grandes empreendedores são agentes econômicos de grande envergadura financeira que tem condições de cumprir com todos os regulamentos e procedimentos impostos pelas autoridades fiscais. E se você analisar todas essas leis, não tem uma só que seja mal-intencionada. Todas, como disse, são para a sua “proteção”.

Com empresas mais profissionalizadas, a mão de obra requerida também deve ser mais qualificada. Por esse motivo, por mais que você estude sempre vai ser necessário mais preparo. O ingrediente principal do Capitalismo, que era a concorrência, também se esvaiu, pois com a impossibilidade dos pequenos participarem do grande bolo, ficou só para o pessoal graúdo mesmo. E isso tudo dentro da Lei, Leis que seus queridos representantes votaram.  Como já dizia George Bernanos: a democracia não é o contrário da ditadura, mas a sua causa.

Será que isso que eu disse tem respaldo na realidade? Reparem nas farmácias de bairros, nos supermercados, nos depósitos de material de construção, nas lojas de eletrodomésticos. Hoje somente os grandes peixes estão no páreo.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O falacioso viés econômico

Tenho pensado muito sobre as palavras do Prof. Olavo de Carvalho que diz que o brasileiro adora ver tudo sob o viés econômico. O brasileiro pensa que a cultura vem junto com a riqueza.

Esses dias eu estava discutindo com alguém sobre a questão da falta de mão de obra qualificada o Brasil. Essa pessoa - que não tinha lido nada a respeito - achava que não havia tal carência. E por que isso ? Resposta: porque era rico.

Vejo pessoas que não gostam de futebol acompanhando as notícias sobre o Neymar. Por quê motivo ? As pessoas ficam impressionadas com a capacidade de se ficar milionário tão jovem.

Todos os dias a mídia expõe pessoas que viraram celebridades de forma meteórica por um fato ou uma circunstância que absolutamente nada tem a ver com o esforço ou trabalho de muitos anos. Então o estudante pensa, "será que só estudando eu consigo ganhar tanto?"

Vimos, no contraponto, cotidianamente uma verdadeira "caça" aos empresários promovida pelos órgãos tributários. Se você abre uma "portinha" que seja, lá vem todo mundo querer a sua parte: Prefeitura, Estado, União, Sindicato, e por ai vai...

Bastou ter dinheiro em nosso país esse fato já nos credencia a opinar sobre os mais diversos assuntos sem ter lido nenhuma letra sobre nada.

Todo mundo quer dinheiro, é claro. Mas o problema no Brasil é que grana não é mais consequencia e sim objetivo. Além disso, tornou-se credencial de cultura. Isto está errado.

Hoje praticamente qualquer um pode ter uma televisão de plasma em casa. Quando eu era criança, com muito custo meu pai tinha uma TV Colorado RQ (Reserva de Qualidade), 24 polegadas, preto e branco. Você tinha de levantar para trocar o canal no seletor de canais. Não havia controle remoto.

Mas na escola líamos José Mauro de Vasconcelos, Érico Veríssimo, Viriato Correa. Meu professor de ciências tinha uma exposição na Holanda. Minha professora de desenho era formada na Escola de Belas Artes. Outra professora - a de história - vinha da USP, e assim por diante.

Como diz o Professor Cortella, antigamente uma pessoa podia tornar importante um produto ao usá-lo. Hoje, a pessoa é que se torna importante dependendo do produto que está usando.









domingo, 22 de janeiro de 2012

A ditadura da igualdade

Vivemos uma época de muitas ditaduras. Uma delas é a ditadura da igualdade. Não estou sendo original, pois Aldous Huxley e George Orwell já anteviram essa situação em seus respectivos livros "Admirável mundo novo" e "1984".

Parece paradoxal, mas junto com a "ditadura da mudança" temos sempre a "ditadura da igualdade". Nosso mundo hoje é descolado da realidade porque, na ânsia de sermos diferentes, acabamos sempre sendo iguais.

Olhe para a natureza e observe a diversidade das frutas. Por que Deus faria as frutas tão variadas? Por que não as fez poucas para conterem todas as vitaminas de que precisamos? Eu acredito que é porque o Espírito Supremo ama as coisas diferentes, como fecunda é a Criação.

É uma coisa besta, mas olho para a nota fiscal eletrônica de hoje e ela não tem mais o charme das notas de antigamente quando eram personalizadas. Agora são todas iguais, frias, uniformes e sem graça. Mas são, inegavelmente, eficientes. A mesma eficiência que retratou Huxley no seu Admirável Mundo.

Assisti hoje um episódio de uma série antiga chamada "Além da Imaginaçao" chamado "Um caso de perfeição", aqui. Fiquei fascinado com a capacidade de Rod Serling de reproduzir a sensação nefasta de igualdade do mundo para o qual caminhamos.

Eu percebo que as novas gerações estão perdendo a capacidade da admiração do belo. Não o belo estético, mas a beleza que os grandes literatos abordavam. Shakespeare, Dostoievski, Aristóteles e tantos outros. Mas quão longe estão as novas gerações das verdades universais? Essa coisa cafona e demodê, que não há mais nenhum valor hoje em dia, em nossa nova vida "imanentizada".

É engano pensamos que vivemos um tempo de liberdade de expressão. Definitivamente, não. Vivemos sim, um tempo de cerceamento da expressão por grupos sociais que detem mais poder, principalmente midiático. Hoje o que se pensa ser informação, na realidade é opinião. O que se pensa ser dado, é apenas propaganda.




sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A ditadura da mudança

Raulzito já dizia “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Ainda bem que o Criador não pensa dessa forma, senão estaríamos numa situação bastante complicada. O universo é do jeito que o conhecemos há bilhões de anos, mas já pensou se o Ser Supremo contratasse uma consultoria “de ponta” para, digamos, dar uma guinada nas coisas.

Você acordaria e não teria o sol nascendo, pois as coisas já estariam diferentes. Como o mundo precisa produzir mais, a noite seria banida por uns meses no ano, como se faz com o horário de verão. Seria dia 24 horas por dia. Já pensou que maravilha ? A órbita arrendondada ou elíptica, pra quê? melhor quadrada. Mas aí teríamos o lobby das grandes potências, ou dos países detentores do petróleo, ou G7, para que na alteração da passagem pelo sol, alguns pontos da Terra fossem privilegiados com menos ou mais sol.

Os cometas passariam mais frequentemente para se cobrar ingressos. Aprovaríamos na Câmara dos Deputados uma Lei que instituísse mais satélites naturais. Esse solzinho vagabundo de 5ª magnitude, nem pensar. Com maioria partidária conseguiríamos um sol bem melhor. Se a temperatura esquentasse ou esfriasse a gente poderia forjar uns emails para dizer que as mudanças climáticas exigem mais verbas.

Se a natureza é do jeito que é por todos esses milhões de anos, só pode ser por falta de criatividade, falta de pro-atividade, carência de empreendedores celestiais. Imaginem só, como pode a Lua ser do mesmo modelo até hoje. Teríamos a Lua modelo 2012, as estrelas de última geração, quem sabe as estrelas digitais. A Criação é mesmo estagnada. Não tem o brilhantismo das mentes humanas mais perspicazes.

Veja a Lei da Gravidade: não muda nunca. A aceleração dela é 9,8 metros por segundo ao quadrado desde que a Terra nasceu. É patético. A idade média devia ser um porre, todo mundo estudando, querendo ser mártir. Ninguém tinha computador, redes sociais. Essa mensagem por exemplo, quem a leria ? Ainda bem que veio o iluminismo. Vamos conhecer a natureza e finalmente dominá-la. Veja, se não fosse os remédios avançados morreríamos coma uma simples tuberculose. Agora podemos viver 90 anos no mínimo, e a longevidade está aumentando, até o final do século XXI poderemos viver até os 120. Assim poderemos trabalhar pelo menos mais 30 anos...12 horas por dia.

domingo, 22 de maio de 2011

“Tô pagando !”

Na década de 70, no auge da ditadura militar, havia um famoso bordão que era o “Sabe com que tá falando ?” . Esse pensar nada mais era do que um corolário da imposição da autoridade sobre as leis. Aquela idéia do cargo acima do Direito.

A democracia, segundo José Afonso da Silva (curso de Direito Constitucional Positivo), “repousa sob três princípios fundamentais: maioria, igualdade e liberdade”. Segundo Olavo de Carvalho, a democracia é em síntese um mecanismo de “proporção de poderes”, uma vez que todos os poderes são autoritários, mas limitando-se entre si, produzem o equilíbrio necessário à equiparação de forças, essencial para se evitar tiranias.

Quando se encara tudo sob a ótica da possibilidade econômica, a democracia perde essa tensão necessária à auto-delimitação do raio de ação das forças institucionalizadas e entramos então no autoritarismo. Por esse motivo não existe ditadura boa, pois nelas não temos um sistema de “frenagem” de arbitrariedades, e ficamos à mercê da falibilidade humana.

Já me deparei com muitas situações em que, por qualquer animosidade que ocorra em sala de aula, o aluno quer levar imediatamente o assunto para a coordenação. Na verdade, nada vai ser resolvido pela direção da escola, é apenas uma medida para “saciar” a vaidade do cliente no papel de aluno.

A lógica é a seguinte, “sou aluno, estou pagando e então o professor tem que me respeitar”. Perceberam a inversão de valores? O aluno se esquece que é ele quem deve respeito ao docente primeiramente e não o contrário. Desnecessário dizer que o professor deve respeitar o aluno, não porque ele “está pagando”, mas por ser inerente ao bom alvitre. A coordenação, dentro da minha visão, não é um aparelhamento administrativo que se presta ao aluno, mas ao professor.

O problema é que dentro da epidemia de igualdade e padronização que assola o mundo, as pessoas se esquecem da velha “hierarquia”. O mundo não é igual, as pessoas não são iguais, e há sim necessidade de haver mandante e subalterno. Por isso existem os assistentes, os diretores, os presidentes, os santos e acima de todos nós Deus. E quando a escala hierárquica é quebrada assistimos a desordem imperar. Por esse motivo os pais ficam inseguros diante dos filhos, os professores ficam inseguros diante de seus alunos e certamente essas pessoas que não se submetem às hierarquias também não serão respeitadas quando tiverem subordinados, pois o mundo que elas estão criando é justamente esse.

Fala-se muito em humildade, mas o que será humildade ? Padre Marcelo Rossi menciona sempre que "humildade é reconhecermos os nossos próprios limites". Será que o aluno tem ciência que, ao levar um fato banal ao conhecimento do coordenador, não seria ele o arrogante da estória ? Ele (o aluno) está percebendo que está tomando de um profissional caro para a instituição (que ele mesmo paga), um tempo precioso com uma bobagem que poderia ser resolvida com o próprio docente em uma outra ocasião, e que nesse mesmo instante há muitos outros assuntos tão mais importantes do que picuinhas a serem resolvidas, e para o benefício de muitos ?

Mas a "síndrome do tô pagando" parece já instalada em nossa cultura e não me espantaria em ver - imaginem - alguém entrar num teatro e ligar um rádio no meio da peça e ser admoestado e ainda dizer: “Tô pagando !”

Que você acha ?